A improvável rota do Coritiba campeão brasileiro
Antes de recuperação incrível, o Coxa chegou a passar oito jogos com um único triunfo em 1985.

O Campeonato Brasileiro de 1985 é conhecido por, em tempos de mata-mata, não ter nenhum dos "doze grandes" do futebol nacional na decisão. E isso inclui todas as finais do Robertão e da Taça Brasil, aliás, não apenas do torneio realizado a partir de 1971. Mas a história de 1985 não deveria ser sobre a ausência, sim sobre a presença. Os times históricos de Coritiba e Bangu marcaram o futebol brasileiro em uma final com o Maracanã lotado. Não é como se Atlético/MG, Internacional, Flamengo, Vasco, Corinthians e muitos outros tivessem ficado para trás por conta própria – eles foram deixados para trás por, entre outras, duas equipes avassaladoras. O Bangu, especialmente, foi extremamente regular na competição. Isso para não falar do Brasil de Pelotas, que caiu na semifinal após ter eliminado, por exemplo, o Flamengo de Zico. E o Coxa, campeão, começou mal, trocou de técnico e foi levado à glória por Ênio Andrade.
O regulamento daquele ano era um pouco complicado, mas proporcionou um campeonato nivelado ao extremo. Dois grupos de dez equipes, com os melhores times do país, disputavam oito vagas em turno e returno (jogando com times do grupo oposto). Outros dois grupos de doze, cheios de clubes vindos dos torneios estaduais, jogavam dentro das chaves pelas vagas restantes. Só na primeira fase ficaram Fluminense, Grêmio, Botafogo, Palmeiras, Santos, São Paulo e Cruzeiro, além de Santa Cruz, Náutico e Goiás. Os 16 classificados se dividiam, novamente, em grupos de quatro, em que só o líder passava. Daí vieram os semifinalistas, com o Galo como único "grande". Porém, antes de ser o time que eliminaria o Atlético/MG, o Coxa sofreu. No primeiro turno, o time foi um dos piores do grupo e chegou a passar oito partidas com apenas uma vitória. Esta vitória, sobre o Náutico por 2 a 0, veio há exatos 35 anos, em 3 de março de 1985.

À frente apenas de América/RJ e Santa Cruz ao fim do turno, o Coritiba tinha uma única forma de se qualificar: ser o melhor no returno, como o Galo fora no turno. O Verdão, portanto, precisava se tornar literalmente um time capaz de ser melhor que o Atlético/MG, como de fato faria na semifinal. Dino Sani já havia caído no meio do primeiro turno – o triunfo sobre o Náutico foi o primeiro sob Ênio Andrade, no quarto jogo do treinador. Perder o "título" do returno significaria ficar fora, já que o Glorioso não se classificaria pela campanha geral (foi o sétimo). E passou por pouco: mesmo com triunfos sobre São Paulo, Cruzeiro e Flamengo, o time chega na rodada final ameaçado. Porém, bate o Santos no último minuto e elimina o Fluminense. No grupo seguinte, com Corinthians, Joinville e Sport, o sofrimento foi menor. Após vencer o Timão, o Coxa foi às semi com simples empate diante do Leão, no último jogo.
A campanha do time do Alto da Glória no Brasileiro 1985 teve 29 jogos. Foram 12 vitórias, 7 empates e 10 derrotas, com 25 gols marcados e 27 sofridos. O time-base era: Rafael; André, Gomes, Heraldo, Dida; Marildo, Almir, Toby; Lela, Índio, Édson. Téc.: Ênio Andrade.
O espetacular sistema defensivo do Coritiba fez a diferença nos momentos mais decisivos. Contra o Atlético/MG, após triunfo de 1 a 0 no Couto Pereira, um empate fora sem gols levou os paranaenses à final. Rafael Camarotta, goleiro do Coxa, foi um dos destaques da campanha. O que não significa que o trio ofensivo formado por Lela, Índio e Édson não tenha sido excelente, tal como os zagueiros Heraldo e Gomes. Coube a Gomes, aliás, a honra final. Em frente a mais de 91 mil pessoas, em um Maracanã quase todo pró-Bangu, ele converteu o pênalti do título, após o 1 a 1 que se estendeu pela prorrogação. Não se engane: o Galo era estrelado, Timão também, tal como Fla, São Paulo e outros. Mas a história não é deles. O Coxa teve força dentro e fora de campo – o massagista Osvaldo Sarti que o diga. O triunfo sobre o Náutico, há exatos 35 anos, foi só o começo do que fez do Coritiba o primeiro paranaense campeão brasileiro.
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