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As campanhas da parceria Libertadores-Série B

Times em divisões inferiores já disputaram torneio continental, com histórico heterogêneo.


Na última terça-feira (21), a Conmebol anunciou decisão polêmica e, aparentemente, inesperada até mesmo nos bastidores da cartolagem sul-americana. Segundo a entidade, apenas times das máximas divisões nacionais poderiam disputar as competições continentais a partir de 2020. A chiadeira foi grande, com razão. O pré-requisito faz pouco sentido, considerando uma das principais formas que os clubes da América do Sul se classificam para a Copa Sul-Americana e, principalmente, para a Libertadores: via torneios e Copas nacionais integradas por equipes de todos os tamanhos e ao redor do espectro das pirâmides do futebol, desde o Chile até a Bolívia. O Brasil, claro, é o país em que mais houve casos de equipes da Série B disputando a Libertadores. Com a exigência, o continente seria privado de grandes histórias, como a do Criciúma de 1992. E no futuro, é exatamente o que pode ocorrer.


Logo após a má repercussão da medida, a Conmebol voltou atrás, na noite de quarta-feira (22). No entanto, um detalhe passou despercebido por alguns. A decisão a contragosto ainda é apenas sobre o ano de 2020, com o anúncio da entidade sobre novas reuniões para definição dos critérios a partir de 2021. Apesar da "derrota" momentânea, a partir do fim do mês já terá início um novo ciclo para que a proposta seja aprovada para 2021. A medida é vista como parte de um projeto mais amplo que a Conmebol vem colocando em prática desde 2017 – quando retirou com uma canetada as vagas para a Sul-Americana que Santa Cruz e Paysandu haviam conquistado em campo – para valorizar ainda mais seus torneios. Até aí, tudo bem. Clubes de Série A têm mais visibilidade e peso, é fato. Porém, o caminho justo é reajustar as Copas nacionais. Talvez fazer, como na Europa, que elas deem vaga para a segunda competição, não para a primeira.


Por outro lado, isso diminuiria o peso das Copas. E o Brasil, por exemplo, é um dos países que está seguindo a maré contrária, valorizando seu mata-mata. A Argentina faz o mesmo, tendo inclusive criado uma nova copa, a Copa da Superliga. Nela, o Tigre, recém-rebaixado, está na final e perto de uma vaga justamente na Libertadores. Há a opção, no futuro, de criar terceira competição continental, apenas para os campeões de Copas – algo que já existiu na Europa também. O que é claro: um torneio deixar de oferecer uma vaga para a Libertadores é muito diferente de dar a vaga, ela ser conquistada por um clube e depois retirada por pré-requisito. Era o que ocorreria se a medida valesse para 2020. Ainda assim, para agora ou depois, ela impede que feitos memoráveis no futebol do continente se repitam. Abaixo, o NesF mostra o que fizeram times que jogaram a Libertadores enquanto estavam na segunda divisão:


Criciúma

Campeão da Copa do Brasil 1991

3º colocado na Série B 1992

Quartas de final da Libertadores 1992

Eliminado pelo campeão São Paulo (2 a 1 no agregado)

Campanha: 10J, 6V, 2E, 2D, 19GP, 12GC

Destaques: vitórias sobre São Paulo (3 a 0) e San José (5 a 0) na fase de grupos

Vitória sobre o Sporting Cristal nas oitavas (5 a 3 no agregado)


Torcida do Criciúma viu sua equipe chegar longe, ficando entre os oito melhores da Libertadores em 1992. (Fernando Ribeiro/Criciúma EC)

Santo André

Campeão da Copa do Brasil 2004

6º colocado na Série B 2005

Fase de grupos da Libertadores 2005

Eliminado com 8 pontos por Cerro Porteño (12) e Palmeiras (9)

Campanha: 6J, 2V, 2E, 2D, 11GP, 6GC

Destaques: vitórias sobre Palmeiras (2 a 1) e Deportivo Táchira (6 a 0)


Paulista

Campeão da Copa do Brasil 2005

5º colocado na Série B 2006

Fase de grupos da Libertadores 2006

Eliminado com 6 pontos pelo semifinalista Libertad (11) e pelo River Plate (9)

Campanha: 6J, 1V, 3E, 2D, 4GP, 7GC

Destaque: vitória sobre o River Plate (2 a 1)


Jorge Wilstermann

Campeão do Campeonato Apertura 2010

3º colocado na Liga Nacional B 2011

Fase de grupos da Libertadores 2011

Eliminado com 4 pontos por Internacional (13) e Jaguares (9)

Campanha: 1V, 1E, 4D, 3GP, 11GC

Destaque: vitória sobre o Jaguares (2 a 1)


Palmeiras

Campeão da Copa do Brasil 2012

Campeão da Série B 2013

Oitavas de final da Libertadores 2013

Eliminado pelo Tijuana (2 a 1 no agregado)

Campanha: 8J, 3V, 1E, 4D, 6GP, 7GC

Destaques: vitórias sobre Tigre (2 a 0) e Libertad (1 a 0) na fase de grupos


Santiago Wanderers

Campeão da Copa Chile 2017

5º colocado da Primera B 2018

Terceira fase eliminatória da Libertadores 2018

Eliminado pelo Santa Fe (5 a 1 no agregado)

Campanha: 4J, 1V, 1E, 2D, 3GP, 6GC

Destaque: vitória sobre o Melgar (1 a 0) na segunda fase eliminatória

É interessante perceber que há grandes campanhas, como a do Criciúma, e históricos bem ruins, como do Jorge Wilstermann. O Paulista, por exemplo, que hoje luta para não fechar as portas, fez campanha fraquíssima na Libertadores, mas bateu o River Plate em noite inesquecível para seus torcedores. O Santo André, atual campeão da Série A2 do Campeonato Paulista, fez o mesmo com o Palmeiras. Além disso, todos os clubes listados conquistaram vaga para a Libertadores com títulos. Na Argentina, por exemplo, em que a queda é calculada pelo promédio das temporadas recentes, já existe uma regra que faz com que uma equipe rebaixada seja inelegível para vagas continentais, ainda que esteja em posição para conquistá-la. Mais uma vez, o Tigre é exemplo. Foi o 9º colocado na última Superliga na Argentina, mas caiu. Não vai à Sul-Americana. No entanto, se for campeão da Copa da Superliga, vai à Libertadores. Ainda bem.

 

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