Corredores na NFL querem mais dinheiro, mas não só
Ezekiel Elliott e especialmente Melvin Gordon buscam o valor do risco envolvido na posição.

Às vésperas do início de mais uma temporada, a National Football League (NFL) vê algumas de jovens estrelas viverem momento delicado na relação com seus times atuais. É o caso de Ezekiel Elliott, com o Dallas Cowboys, e Melvin Gordon, com o Los Angeles Chargers. Os dois running backs estão em plena renegociação de contratos, na busca de fazer com que seus talentos sejam reconhecidos na forma de mais casas decimais no contracheque.
O caso de Elliott chama mais a atenção da imprensa, já que tudo o que diz respeito aos Cowboys já gera rebuliço no noticiário esportivo dos Estados Unidos. Neste momento, o jogador aplica o que chamam por lá de holdout: quando um jogador não se reapresenta até que tenha um novo contrato assinado, uma espécie de protesto, uma greve de um homem só. Elliott sabe que hoje é um dos maiores talentos do Draft de 2016, certamente a melhor escolha de Dallas naquele ano – ao contrário do que chegou a ser projetado após a ascensão astronômica de Dak Prescott. Mantendo-se entre os cinco melhores corredores mesmo em temporadas nas quais não jogou todas as partidas, o poder de barganha do RB é forte.
Na Califórnia, a trama ganha ares diferentes. Gordon já declarou abertamente que sua mão firme na negociação é mais do que simplesmente dinheiro no banco, mas que o jogador faz isso para que a posição seja mais valorizada. "Eu quero permanecer nos Chargers. Essa é a minha casa. Esse é o time que me abençoou com uma oportunidade. Eles começaram minha vida. Mudaram minha vida. De todos os 32 times, este foi o que me chamou. Eu não posso esquecê-los por isso", declarou Gordon durante a Sportscon, em Dallas.

Veja, o valor de um running back na Liga Nacional de Futebol Americano não é pequeno: Gordon e Elliott foram selecionados na primeira rodada do Draft, por exemplo, ao lado de inúmeros colegas nos últimos anos, sendo que durante muito tempo era considerado "desnecessário" escolher um corredor tão cedo. Ainda assim, o argumento por uma valorização maior encontra tração no fato de que o Draft pode até refletir no salário, mas a relação entre compensação financeira e longevidade da carreira ainda é um problema grande para os atletas da posição.
Jogadores profissionais de futebol americano já não são conhecidos pela quantidade de tempo que conseguem desempenhar o esporte em alto nível, porém os corredores estão em outra categoria atualmente. Cada vez mais, utilizam o máximo da explosão muscular em campo, são os jogadores mais visados nas trombadas em alta velocidade e os que mais sofrem com sequelas físicas após a aposentadoria. O cenário dos pesadelos é que muitos jogadores não conseguem nem chegar ao final do contrato de calouro, que dura 4 anos.
Recentemente houve o caso de Le'Veon Bell, já tratado rapidamente aqui, quando o jogador se recusou a assinar o contrato de franchise tag com os Steelers, por achar que merecia um salário maior. O artifício da tag, afinal, é uma forma de uma franquia sequer negociar com um atleta, mas acionar um dispositivo que oferece a ele algo perto do teto salarial para sua posição. Em decorrência da não-assinatura, Bell passou a última temporada inteira sem jogar.
No final das contas, o cabo de guerra deve demorar algum tempo. Mas não estranhem se Gordon deixar os Chargers e se Elliot permanecer nos Cowboys. A franquia de Dallas já sabe o que é dispensar uma estrela e ver seu jogo definhar nos anos seguintes, possivelmente saiba bem o suficiente para não repetir o equívoco. Enquanto isso, Los Angeles ainda parece longe de um mínimo de estabilidade institucional que, talvez, seja necessária para manter um jogador de alto nível com tanto poder de barganha nas mãos. Cenas para os próximos capítulos...
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