top of page
banner 1 globo esporte (branco).png
banner 2 globo esporte (branco).png

Há dez anos, Vila Rica se despedia dos gigantes

Cachorro Doido teve auge curto após aliança com o Cametá, culminando no Paraense 2009.


Na década passada, o Clube Atlético Vila Rica foi habituê da Primeira Divisão do Campeonato Paraense. Campeão da Segundinha em 2001, o time da capital só voltou a disputá-la em 2005, engatando uma boa sequência como integrante da elite. Entre 2001 e 2010, foram sete participações do Cachorro Doido na competição que marca o topo da pirâmide do futebol no Pará. No entanto, devido ao formato do torneio àquela altura, muitas vezes o Vila Rica não jogava contra Remo e Paysandu. Ficava na primeira fase, disputada entre clubes menores – ou que tinham ido mal no estadual do ano anterior. Assim foi no início da década, pelo menos até 2005, quando retornou para a Segunda Divisão por um período.


Capaz e com histórico recente forte, em especial no contexto do futebol paraense, o Vila Rica dos anos 2000 não era clube para ficar fora da elite. Voltou em 2006, ao ser vice-campeão da Segundinha... Só que caiu novamente no ano seguinte. E aí ocorreu o grande divisor de águas da história da equipe nos últimos anos. Em junho de 2007, foi fundado o Cametá Sport Club, que logo costurou um acordo com o Cachorro Doido para uma disputa em conjunto da divisão de acesso naquele mesmo ano. O Vila Rica/Cametá conseguiu ser campeão imediatamente, voltando à Primeira Divisão já em 2008. Foi quando finalmente, por dois anos consecutivos, quebrou a barreira da fase inicial e enfrentou os dois grandes. A princípio, dentro da parceria com o Cametá, e depois como Vila Rica/Marajó, jogando em Breves, por virtude de aliança com a Prefeitura local.


Em 2009, o Vila Rica/Marajó estreou de cara contra o Paysandu, na Curuzu, em jogo eletrizante que terminou 4 a 3 para os bicolores. Logo na terceira rodada, empatou com o Remo por 2 a 2, no Mangueirão. Era a última vez que o Vila Rica partilhava do convívio dos gigantes. Entre estes dois jogos, há exatos 10 anos, em 21 de janeiro de 2009, o Cachorro Doido venceu o Ananindeua por 1 a 0. Era o recheio do "sanduíche" Re-Pa. E foi a primeira vitória da equipe na fase principal do Campeonato Paraense de 2009. A campanha foi boa, com o time terminando na sexta posição na classificação geral. Mas só os quatro melhores "escapavam" da primeira fase em 2010. E o Vila Rica nunca mais voltou.


O Parque do Bacurau, estádio do Cametá, foi palco central do auge recente do Vila Rica. (Divulgação/São Raimundo EC)

No ano anterior, a equipe já havia feito um campeonato para se orgulhar. Começando na famigerada primeira fase, o Vila Rica/Cametá arregaçou seus rivais e terminou invicto (6 vitórias e 2 empates). Mandando suas partidas no Parque do Bacurau, o time ficou de fora das semifinais do primeiro turno de forma dolorosa, na última rodada: era vice-líder e, em confronto direto contra o Castanhal, fora de casa, jogava pelo empate para se garantir no mata-mata; mas mesmo se perdesse, apenas uma combinação de resultados poderia eliminá-lo. Pois aconteceu. O Japiim bateu o Cachorro Doido (4 a 2), enquanto o Remo perdia para o Ananindeua (1 a 0) e o Águia vencia o Tiradentes (3 a 1). O vice-líder caiu para a quinta posição e não jogou as semifinais. O campeão daquele turno? Foi o quarto colocado Águia, que ultrapassou o Vila Rica apenas no saldo de gols – por uma diferença de três tentos, toda conquistada na rodada final.


Com isso, a equipe se abalou e não fez um grande segundo turno. Ainda assim, na classificação geral, teve apenas dois pontos a menos que o Águia, vice-campeão estadual graças ao desempenho no primeiro turno. O ano de 2008 foi o segundo e último com sede em Cametá. A parceria em Breves foi mais curta e menos próspera. Na fase principal do Paraense de 2009, o Vila Rica/Marajó foi bem mediano e sem muito destaque, embora tenha novamente chegado na rodada final do primeiro turno com chances de passar para as semifinais. Daquela vez, entretanto, a combinação de resultados teria que ser a favor, o que simplesmente não aconteceu. Meses depois, na temporada de estreia do Cametá como clube profissional independente, o Mapará fez campanha espetacular na Segundinha, sofrendo apenas uma derrota e 2 gols em 8 partidas – e conquistando o acesso após desistência do Santa Rosa.


A campanha do Vila Rica na fase principal do Paraense de 2009 teve 18 jogos, com 8 vitórias, 2 empates e 8 derrotas. O time-base era: André Luis; Américo, Tonhão, Gil, Mocajuba; Adelson, Emílson, Vander, Marçal; Charles, Cametazinho. Téc.: Fran Costa.

A separação ficou ainda mais dura exatamente em 2010, quando os ex-aliados se encontraram na Primeira Divisão. O Vila Rica estava de volta à Belém e o Cametá chegava pela primeira vez na elite; onde ficou ininterruptamente até o rebaixamento do ano passado, devido a campanha pífia pelo Paraense de 2018, no qual não conseguiu uma vitória sequer. A recém-adquirida distância organizacional entre as equipes – aliada, é claro, ao fato de que o Vila Rica é um dos clubes de menor estrutura física do estado – ficou clara logo: o confronto direto, pela terceira rodada da primeira fase, foi 5 a 0 para o Cametá, que terminaria invicto. Era apenas o cartão de visitas do Mapará para a elite, já que o clube ainda seria campeão estadual em 2012. Já o Vila Rica...


Se o Cachorro Doido havia se despedido das partidas contra Remo e Paysandu em 2009, o ano seguinte foi o último em que disputou sequer a fase inicial da Primeira Divisão. Era o fim do ciclo de uma década bem-sucedida, afinal. A partir de 2011, o que era exceção virou regra: o Vila Rica nunca mais saiu da Segundinha.


A parceria com o Cametá dividiu a história recente do Clube Atlético Vila Rica. Foi com ela que a equipe conquistou um título e encarou os gigantes; mas depois do fim, a derrocada foi veloz e implacável. O contrário também é verdade, claro, pois o Cachorro Doido foi importante para a ascensão do ex-parceiro em um momento crítico da história do Cametá – justamente a fundação do clube. Depois do divórcio, os caminhos e as realidades passaram a ser completamente diferentes para as duas instituições. Agora, dez anos depois da última vez que esteve entre os grandes, o Vila Rica tem, pelo menos, um bom motivo para aguardar ansiosamente a chegada dos últimos meses de 2019: o reencontro com o Cametá, na Segunda Divisão do Paraense, já está marcado.

 

#Pará #História


#VilaRica #Cametá #CampeonatoParaense #Segundinha

bottom of page