Jason Garrett é o escudo perfeito para Jerry Jones
O Dallas Cowboys segue incapaz de dar um salto, com o técnico apático e o dono centralizador.

A "Equipe da América", o time de futebol americano mais popular e dono de um dos maiores símbolos estadunidenses que existem, a estrela do cáuboi, se mantém como a maior franquia da NFL em valor e relevância. Mas, tirando o valor de mercado astronômico do Dallas Cowboys, pouco foi feito desde a dinastia que conquistou três títulos nos anos 1990, o último em 1995, 24 anos atrás. Desde então, a história é o que vem carregando a equipe texana, que se tornou uma máquina de resultados medíocres e chacota dos rivais de divisão, conferência e da liga como um todo. E a posição amaldiçoada no AT&T Stadium talvez sequer esteja dentro das quatro linhas. Há mais de 20 anos, qualquer técnico que queira trabalhar nos Cowboys deve fazê-lo sob o olhar atento e punitivo de Jerry Jones, o poderoso chefão do clube azul e prata. Depois de anos sendo um time qualquer, nos últimos tempos a equipe tem ido aos playoffs e não faz uma temporada negativa desde 2015. Seria a hora do magnata do petróleo abrir os olhos e deixar o comando do time para o técnico e não para si?
Não é exatamente uma surpresa que Jerry Jones tenha uma relação conflituosa com treinadores. Ao comprar a equipe, em 1989, uma das primeiras ações de Jones foi demitir o lendário técnico Tom Landry, que havia vencido o Super Bowl duas vezes em Dallas. O técnico passou quase 30 anos no comando dos Cowboys e foi responsável por muitas revoluções táticas dentro da liga. A reta final foi complicada em termos de resultados, mas o legado é intocável. Entre 1966 e 1985, Dallas foi aos playoffs 18 vezes em 20 temporadas, com direito a 5 aparições no Super Bowl e outras 7 finais de conferência.
Já mostrando que seu ego talvez fosse maior que todo o estado do Texas, Jerry chamou seu colega dos tempos de Universidade do Arkansas, Jimmy Johnson, para substituir a entidade Landry. Johnson era técnico da Universidade de Miami, onde comandava com mão de ferro todo o programa de futebol da instituição.
O modus operandi de Johnson se repetiu em Dallas, onde ele foi responsável por fazer o time ganhar mais dois títulos, em 1992 e 1993. Mas os gritos de "nunca critiquei" da torcida logo seriam substituídos pelo choque da demissão de Jimmy. O agora ex-comandante afirmou que havia cortado ligações com o dono do time, algo que anos depois seria revelado como um verdadeiro embate de bastidores entre os dois colegas de faculdade para ver quem mandava mais no time.
Em seu lugar entrou Barry Switzer, que ainda consegue levantar mais uma taça para o Cowboys. Mas foi um título conquistado por um time totalmente montado por Johnson, fazendo de Switzer uma espécie de Rafa Benítez da NFL.

Desde então, foram vários os homens esquecíveis no cargo de comando dos Cowboys, como Chan Gailey, Bill Parcels, Dave Campo e Wade Phillips. De todos estes, apenas Phillips teve uma mísera vitória na pós-temporada.
E assim chegamos ao homem que atualmente senta no trono de espinhos. Apenas o oitavo treinador efetivo de toda a história da franquia, Jason Garrett é o perfeito modelo de técnico para Jerry Jones. Sem personalidade ou voz de comando, Garrett é um mero fantoche nas mãos do chefão. Posicionamentos sempre evasivos e uma frieza assustadora, o que acabou gerando o carinhoso apelido de "Clapper", que pode ser traduzido livremente como "Palminha", pois a sua principal reação às jogadas, boas ou ruins, é o aplauso.
Garrett teve em mãos muitas defesas talentosas no passar dos anos. Foi o técnico de Tony Romo no período em que ele quebrou praticamente todos os recordes de Troy Aikman, o quarterback responsável pela dinastia dos vaqueiros na década de 1990. Ainda assim, os seguidos fracassos não pareciam abalar o pequeno batedor de palmas do cargo.
Novos tempos, entretanto, pedem novas medidas. Desde as escolhas de Ezekiel Elliot e Dak Prescott no Draft, os Cowboys se recolocaram no patamar de disputar playoffs com frequência, só que seguem tropeçando nos mesmos erros. Soa estranho tocar neste assunto logo após uma importante vitória sobre o rival de divisão Philadelphia Eagles, no último domingo (20), mas antes disso o time vinha de três derrotas seguidas e com problemas ofensivos, após abrir a temporada muito bem e com o ataque muito prolífico. A equipe chega na semana de folga com um respiro depois deste triunfo, mas é exatamente um período de reflexão sobre o rumo atual que os Cowboys precisam.
Vinte anos se passaram e se tornou raro Jerry Jones sentir o prazer de ver o seu time jogar em janeiro. E ele não parece estar disposto a fazer o necessário para abrir mão desta sensação. Se Dallas não estiver dentro de campo nesta pós-temporada, talvez seja hora de dizer adeus para Garrett. Mas, caso ocorra, pode nem ser um alento ao torcedor. Afinal, só dura até Jones contratar um novo capacho para o cargo.
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