Monopólio de finais aproxima ingleses de espanhóis
Espanha manda nos torneios europeus, mas ano dominante da Inglaterra aperta o cenário.

Há pouco menos de um mês, o NesF levantou a bola: o crescimento recente das equipes inglesas em competições europeias emulava a reta final dos anos 2000, quando três semifinais seguidas de Liga dos Campeões contaram com três clubes ingleses. No entanto, havia um desafio ainda maior. Com quatro semifinalistas, sendo que nenhum deles se enfrentaria, a Inglaterra poderia muito bem sair da temporada sem finalistas europeus. Poderia também igualar os recordes de Itália (3 vezes), Espanha (2 vezes) e Alemanha (1 vez), colocando três clubes em finais continentais no mesmo ano. Ou, até, poderia alcançar um feito inédito: varrer todas as vagas para si e monopolizar as decisões europeias da temporada. Na semana passada, parecia difícil que acontecesse. Só o Arsenal, na Liga Europa, venceu. Empate do Chelsea e duas derrotas na Liga dos Campeões, incluindo um passeio do Barcelona sobre o Liverpool. Porém, em todas as disputas, ainda faltavam 90 minutos.
As viradas de Tottenham e Liverpool roubam a cena e é justo que assim seja, mas as classificações de Arsenal e Chelsea pesam igualmente na construção do cenário. A única vez na história que o futebol de um país teve quatro finalistas continentais na Europa foi na época em que ter quatro não significava ter todos. Eram, afinal, três competições, como voltará a ser a partir de 2021. Em 1990, dois italianos (Juventus e Fiorentina) decidiram a Copa da UEFA, atual Liga Europa, enquanto outros dois venceram a Copa Europeia, atual Liga dos Campeões (Milan, contra o Benfica) e a extinta Copa dos Campeões de Copas (Sampdoria, contra o Anderlecht). Mas a Itália ficou para trás e o brilhante feito dos ingleses responde a um período recente de dominância espanhola, nas duas competições. Afinal, nas últimas cinco temporadas, em quatro a Espanha fez dobradinhas e levou os dois títulos, tanto da Liga dos Campeões, quanto da Liga Europa.
Para a Inglaterra, a dobradinha que já está garantida ocorre apenas pela segunda vez na história. Antes, em 1981, Liverpool e Tottenham venceram as duas taças, respectivamente. Com quatro finalistas de uma vez, entretanto, o futebol inglês desgarra do italiano e diminui consideravelmente o tamanho da vantagem histórica da Espanha, que segue sendo o país com mais títulos e mais finalistas em torneios que englobam todo o continente. Desde os primórdios da Liga dos Campeões, na década de 1950, e da Liga Europa, com a antiga Copa das Feiras, a corrida tem ingleses e espanhóis como principais protagonistas – isso porque, é bom lembrar, os clubes da Inglaterra passaram cinco anos banidos de torneios continentais após a tragédia de Heysel, em 1985. Os italianos tiveram seus momentos nos anos 1960 e na transição da década de 1980 para a de 1990, mas agora ficam para trás de vez. Veja todos os números dos oito principais países, em levantamento do NesF:
Espanha
68 finalistas (42 títulos) – 61,8% de aproveitamento
29 na Liga dos Campeões (18 títulos) – 62,1% de aproveitamento
25 na Liga Europa + Copa das Feiras (17 títulos) – 68% de aproveitamento
14 na Copa dos Campeões de Copas (7 títulos) – 50% de aproveitamento
Inglaterra
61 finalistas (35 títulos) – 57,4% de aproveitamento
24 na Liga dos Campeões (14 títulos) – 58,3% de aproveitamento
24 na Liga Europa + Copa das Feiras (13 títulos) – 54,2% de aproveitamento
13 na Copa dos Campeões de Copas (8 títulos) – 61,5% de aproveitamento

Itália
57 finalistas (29 títulos) – 50,9% de aproveitamento
28 na Liga dos Campeões (12 títulos) – 42,9% de aproveitamento
18 na Liga Europa + Copa das Feiras (10 títulos) – 55,5% de aproveitamento
11 na Copa dos Campeões de Copas (7 títulos) – 63,6% de aproveitamento
Alemanha
42 finalistas (18 títulos) – 42,9% de aproveitamento
17 na Liga dos Campeões (7 títulos) – 41,2% de aproveitamento
14 na Liga Europa + Copa das Feiras (6 títulos) – 42,9% de aproveitamento
11 na Copa dos Campeões de Copas (5 títulos) – 45,4% de aproveitamento
Portugal
18 finalistas (7 títulos) – 38,9% de aproveitamento
9 na Liga dos Campeões (4 títulos) – 44,4% de aproveitamento
7 na Liga Europa + Copa das Feiras (2 títulos) – 28,6% de aproveitamento
2 na Copa dos Campeões de Copas (1 título) – 50% de aproveitamento
Holanda
17 finalistas (11 títulos) – 64,7% de aproveitamento
8 na Liga dos Campeões (6 títulos) – 75% de aproveitamento
7 na Liga Europa + Copa das Feiras (4 títulos) – 57,1% de aproveitamento
2 na Copa dos Campeões de Copas (1 título) – 50% de aproveitamento
França
14 finalistas (2 títulos) – 14,3% de aproveitamento
6 na Liga dos Campeões (1 título) – 16,7% de aproveitamento
5 na Liga Europa + Copa das Feiras (nenhum título) – 0% de aproveitamento
3 na Copa dos Campeões de Copas (1 título) – 33,3% de aproveitamento
Bélgica
12 finalistas (4 títulos) – 33,3% de aproveitamento
1 na Liga dos Campeões (nenhum título) – 0% de aproveitamento
4 na Liga Europa + Copa das Feiras (1 título) – 25% de aproveitamento
7 na Copa dos Campeões de Copas (3 títulos) – 42,9% de aproveitamento
Há de se destacar, logo abaixo do ponto de corte da lista acima, as nove finais disputadas por times escoceses, com três títulos. Da mesma forma, o futebol ucraniano possui três conquistas em um aproveitamento excelente – disputou apenas quatro decisões. O detalhe do aproveitamento em finais, aliás, é um ponto negativo bastante severo para os clubes franceses, notórios vice-campeões. Papel que também é costume para as equipes de Portugal, embora em menor escala. O protagonismo é mesmo de Espanha e Inglaterra. Os números não mentem e os recordes também não. O futebol espanhol é o mais bem-sucedido da Europa em termos continentais. E o futebol inglês conquistou um feito, nesta temporada, que hegemonia alguma jamais conseguiu. Já está na história. E agora, o objetivo certamente é ir além de colocar os finalistas no rol dos inesquecíveis. É colocar também as finais em si. Em tese, ambas as decisões têm tudo para entregar o que prometem.
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