Na Sul-Americana, Brasil é seu próprio carrasco
Formato antigo obrigava jogos entre brasileiros, mas número é alto até mesmo com mudança.

A Copa Sul-Americana é um grande cenário de testes. Clubes brasileiros sequer participaram da competição inaugural, em 2002. Nos dois anos seguintes, eles só jogavam entre si até as quartas de final – primeiro com triangulares e uma eliminatória, depois apenas em mata-mata, para peneirar os 12 times tupiniquins até sobrarem apenas dois. Só então o torneio se tornava de fato continental para os brasileiros. Neste período, Internacional e São Paulo foram semifinalistas. A partir de 2005, o campeonato passou por novas mudanças: apenas 8 brasileiros se classificavam, e ainda jogavam entre si, mas desta vez os quatro vencedores tinham vaga direta nas oitavas. Com este formato, Athletico e Vasco foram semifinalistas, Goiás, Fluminense e Ponte Preta foram vices e São Paulo, Chapecoense e Internacional campeões – nos anos seguintes aos títulos, o Brasil sempre teve direito a um representante a mais, para que os times pudessem defender a taça. Foi assim até 2016.
Com a reformulação das competições continentais, incluindo a "queda" dos terceiros colocados na fase de grupos da Libertadores para a Sul-Americana, o esquema de disputa mudou novamente. Além disso, com os dois campeonatos correndo simultaneamente, o campeão da Sula passou a ganhar vaga na Libertadores, sendo impedido de defender seu título a não ser que "caísse" – o que ocorreu com a Chape em 2017. O Brasil não joga mais entre si na fase inicial e também passou a classificar apenas 6 times, aumentando este número apenas caso algum chegasse da Libertadores (foram 8 no total em 2017 e 7 em 2018). Desde então, o Flu já foi semifinalista, o Fla foi vice e o Athletico campeão. E ainda assim, por ocasiões de confrontos caseiros no mata-mata, os clubes tupiniquins seguem se eliminando constantemente do torneio. Abaixo, em levantamento do NesF, um raio-x do fim da linha, nacional ou internacional, dos clubes brasileiros, em cada formato:
2003-2004
20 caíram para brasileiros (83,3%)
4 caíram para estrangeiros (16,7%)
2005-2016
53 caíram para brasileiros (54%)
42 caíram para estrangeiros (42,8%)
3 campeões (3,2%)

2017-2018
6 caíram para brasileiros (40%)
8 caíram para estrangeiros (53,3%)
1 campeão (6,7%)
Não é tão difícil lembrar que, por exemplo, no caminho do vice-campeonato do Flamengo em 2017, estiveram Chapecoense e Fluminense, ou que o atual campeão Athletico tirou o Bahia e o mesmo Fluminense para chegar na final. Mais eloquente ainda é o mata-mata de 2010, em que quatro brasileiros jogaram entre si nas quartas de final e os dois que restaram se enfrentaram nas semi. Apenas o Goiás, vice-campeão, foi eliminado por uma equipe que não falava português. Isso diz muito sobre o quanto os clubes do Brasil avançam, mas mais ainda sobre o quanto se encontram. Com o novo formato, é claro, o índice diminuiu, mas mesmo assim, por acaso ou não, a incidência de confrontos nacionais é alta, para um torneio continental.
Em 2019
Na Copa Sul-Americana atual, quanto mais cedo um clube brasileiro for eliminado, menor a chance de enfrentar um conterrâneo. No ano passado, por exemplo, o Atlético/MG caiu logo na primeira fase para o San Lorenzo, enquanto São Paulo e Vasco ficaram pelo caminho na segunda etapa, diante de Colón e LDU, respectivamente. E dali em diante, mesmo com quatro representantes do Brasil na competição, todos se eliminaram. O Botafogo caiu para o Bahia, que caiu para o Athletico, que eliminou o Fluminense e depois foi campeão. Neste ano, o Botafogo começou muito bem, mas Chapecoense e Bahia já ficaram pelo caminho logo no primeiro confronto, enquanto Santos e Corinthians têm paradas duras na próxima semana. O Fluminense ainda não estreou. E é possível que mais equipes tupiniquins "caiam" da Libertadores. Por isso, 2019 não entrou no levantamento. Porém, por transparência, o NesF não deixaria de apresentar perspectiva que pode mudar o cenário futuramente.
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