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Nem a maior seleção feminina ganha o que merece

Os Estados Unidos arrecadam mais com as mulheres, que lutam pela igualdade salarial.


No mundo dos esportes, é injusto que se ganhe o mesmo que alguém que não gera tanta renda quanto você. Talvez muitos não defendam esta mesma visão para a sociedade como um todo, mas parece ser o pensamento majoritário em qualquer debate quando o assunto é a diferença de salário entre homens e mulheres nos mais diversos esportes. Recentemente a discussão ganhou ainda mais força com o título dos Estados Unidos na Copa do Mundo de futebol feminino. É obvio que tais argumentos são os primeiros a aparecer, mas poucos percebem que, no caso da seleção americana, eles não se sustentam: as mulheres geram mais dinheiro que os homens.


Apesar de ter ganhado fôlego pelo título americano, o tema se desenrola há bastante tempo. Em março deste ano, 28 jogadoras da delegação estadunidense, incluindo as estrelas Alex Morgan e Megan Rapinoe, entraram com uma ação contra a Federação de Futebol dos Estados Unidos (USFF) devido ao pagamento desigual entre as equipes masculina e feminina. O caso está em mediação e o pronunciamento oficial da Federação dá conta de que os pagamentos "são baseados nas diferentes rendas gerada pelas diferentes equipes e/ou qualquer outro fator que não o gênero".


Tudo isso faria muito sentido, se a seleção feminina não gerasse mais renda para a USFF desde 2016. Há três anos, o time das mulheres foi responsável por quase 2 milhões de dólares a mais em receita, na comparação com o time masculino. De lá para cá, o futebol feminino gerou 50,8 milhões de dólares, enquanto o masculino arrecadou 49,9 milhões, segundo a revista Forbes.


As reclamações das atletas também jogaram luz na disparidade do pagamento para que uma jogadora defenda a seleção. De 2013 a 2016, as mulheres ganhavam 15 mil dólares ao vestir a camisa americana, enquanto os homens recebiam 55 mil em 2014 e quase 70 mil em 2018.


Em comparações que abrangem o mundo todo, a premiação da Copa feminina deste ano foi de 30 milhões, o dobro do último Mundial, em 2015. Segundo o Presidente da FIFA, Gianni Infantino, a intenção é dobrar novamente este valor para 2023. Soa como um grande avanço, e é, mas segue uma pequena fração dos 400 milhões de dólares que premiaram a França, campeã masculina em 2018.


Megan Rapinoe, grande símbolo das conquistas recentes das atletas americanas, dentro e fora de campo. (Jamie Smed/Creative Commons)

Segundo o presidente da USFF, Carlos Cordeiro, a Federação escuta suas atletas e busca essa equidade nos pagamentos. "O futebol dos Estados Unidos investiu mais no futebol feminino do que qualquer outro país no mundo e nós vamos continuar a encorajar os outros, incluindo nossos amigos na FIFA, a fazerem o mesmo", declarou Cordeiro durante a celebração do título americano, em Nova Iorque.


Apesar das palavras amistosas do presidente, os Estados Unidos ainda não pagam igualmente suas atletas, enquanto a Holanda, vice-campeã da Copa deste ano, fechou um acordo com suas atletas antes mesmo da competição para que, com crescimento gradual, a partir de 2023 elas recebam o mesmo que os colegas da equipe masculina.


 "Eu acho que ele está conosco, acho que está do lado certo das coisas, acho que vai fazer as coisas certas", declarou Megan Rapinoe, logo após a fala do presidente. Uma das capitãs da seleção, a meia-atacante fez discurso impactante na passeata que comemorou a conquista.


De fato, poucos países investem no futebol feminino como os Estados Unidos, mas este também é um fator que se consolida pelo fracasso dos americanos fora dos "próprios" esportes. Não é por acaso que, das três principais ligas femininas dos EUA, apenas uma é realmente forte em termos de competitividade comercial e alcance de transmissão: a WNBA.


Já que culturalmente o futebol é tomado como um "esporte de meninas" na terra do Tio Sam, a resposta das últimas gerações de jogadoras não poderia ser melhor. Tetracampeã mundial, a seleção americana abraça o fato de competir em um "esporte de garotas" e mostra que é muito melhor que os atletas masculinos. Ser quatro vezes as melhores do mundo é algo gigantesco, ainda mais quando só houve oito Mundiais na categoria.


Não foi e não será um caminho fácil, mas essas atletas já mostraram e seguem mostrando ao mundo sua força, dentro e fora de campo, pavimentando a rota para a igualdade no futebol e, talvez, em diversos esportes ao redor do mundo. A seleção feminina de futebol dos Estados Unidos é a verdadeira definição de um time campeão.

 

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