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No Athletiba mais lotado da história, Coxa campeão

Há 40 anos, clube conquistava sétimo estadual na década, com direito a tabu sobre arquirrival.


Nesta temporada, o torcedor coxa-branca sofreu. E seguirá sofrendo pelo menos mais um ano. A campanha na Série B foi ruim, se encerrando com o clube no meio da tabela e números destacadamente medíocres: 10ª posição, 13 vitórias, 13 empates, 12 derrotas, 40 gols pró e 44 gols contra. Em 2019, a equipe disputará a Segunda Divisão novamente. Na Copa do Brasil, o time caiu na terceira fase, diante do Goiás, em pleno Couto Pereira. E no Campeonato Paranaense, derrota dolorosa na final para o maior rival, de virada. No Alto da Glória, o Coritiba venceu por 1 a 0. E na Baixada, o Athletico dobrou o placar; 2 a 0 e taça para os comandados de Tiago Nunes. Os mesmos que, há cinco dias, foram campeões sulamericanos – e já haviam terminado a Série A entre os sete melhores. Não, não foi um ano fácil para ser coxa-branca. Mas a própria história do clube oferece caminhos de redenção.


Em 1978, o Glorioso teve uma temporada de recuperação, especialmente em uma década tão vitoriosa. A caminho da semifinal de 1979, a equipe fez um Brasileiro digno no ano anterior, vivendo seu melhor início na história da competição e ficando a três pontos da classificação para as quartas-de-final. Antes, já havia figurado quatro vezes entre os dez melhores do país, incluindo uma quinta colocação em 1972. No âmbito estadual, então, nem se fala. Foram oito títulos em nove anos, desde o fim dos anos 1960. Entretanto, se o clube precisou se recuperar, é porque tropeçou no meio do caminho. E isso ocorreu, duramente, em 1977. Na Série A, o Coritiba foi eliminado muito cedo e terminou a competição na 51ª posição (entre 62 participantes). E no Paranaense, teve a melhor campanha e chegou à final com pompa, apenas para perder o título diante do Grêmio Maringá – que precisara disputar uma repescagem apenas para se manter vivo no campeonato. Foi um baque. O clube poderia ser heptacampeão estadual consecutivo, mas o ano terminou sem títulos e sem orgulhos. Ainda bem que, para a nação coxa-branca, seria uma melancolia curta.


A campanha do Coxa no Paranaense 1978 teve 25 jogos, 9 vitórias, 11 empates e cinco derrotas. O time-base era: Manga; Norival, Duílio, Eduardo, Cláudio Marques (Reginaldo); Almir, Borjão, Pedro Rocha; Liminha, Chico Explosão, Mug. Téc.: Francisco Neto, o Chiquinho.

No dia 17 de dezembro de 1978, o Verdão retomava o domínio sobre o estado. Já havia sido o melhor paranaense no Campeonato Brasileiro; faltava levantar uma taça. E ela veio, merecidamente, mas não sem dificuldades – chegar à fase final foi um aperto, porém, uma vez lá, o Coritiba não perdeu nenhum jogo e não tomou nenhum gol. Na finalíssima, contra o grande rival, três empates e uma decisão nos pênaltis. Há exatos 40 anos, o maior público da história do Athletiba (mais de 55 mil pessoas) viu o Campeão do Povo ser, bem, campeão: 4 a 1 nas penalidades. Nove títulos em onze anos. A década era cada vez mais coxa-branca.


Os seis títulos paranaenses seguidos, de 1971 a 1976, são até hoje a maior sequência campeã de um clube em atividade no estado. O hepta bateu na trave, mas o período seguia sendo de absoluto domínio do Coritiba. E isso incluía o Athletiba, grande clássico curitibano. Já durante o difícil ano de 1977, teve início o maior tabu da história do confronto. No fim de agosto, após um empate por 1 a 1 válido pelo quadrangular final do Campeonato Paranaense, começava uma sequência de incríveis 14 jogos em que o Furacão não conseguiria bater o maior rival. Pelo menos deu para se despedir. Dez dias antes do tabu ser aberto, o Athletico venceu o Coxa (2 a 0), algo que só ocorreria novamente em 1980. Isso mesmo: o Coritiba passou 1028 dias sem perder para os rivais, cerca de dois anos e dez meses. Foram seis vitórias e oito empates, incluindo um sonoro 3 a 0 em 1979 e, é claro, aquele histórico 0 a 0 há exatos 40 anos – que terminou com um título coxa-branca nos pênaltis.


O caminho até aquela final, no entanto, não foi nada fácil. O Paranaense começou uma semana após o fim do Brasileiro, vencido pelo Guarani; e àquela altura, o Coxa já estava há vinte dias sem jogar uma partida oficial, após um campeonato desgastante – na Série A, disputou 33 partidas, enquanto os rivais Londrina (26), Grêmio Maringá (25), Colorado (17) e Athletico (11) jogaram muito menos. Talvez isso tudo ajude a explicar uma campanha cambaleante na primeira fase, em que o Verdão terminou atrás de Colorado e Pinheiros, mas não sem carimbar o grande rival: na quarta rodada, Coritiba 1, Athletico 0. Era o quinto jogo do tabu. E o único entre as duas equipes antes da grande final.


Em pé: Manga, Duílio, Eduardo, Norival, Almir e Cláudio Marques. Agachados: Luis Freire, Borjão, Liminha, Pedro Rocha e Mug. (Divulgação/Coritiba FC)

É que na segunda fase, os dois caíram em grupos diferentes. O regulamento era confuso. E enquanto o Athletico liderou seu grupo de forma invicta (três vitórias e três empates), o Coxa escapou por um fiapo. O time empatou muito e, com apenas duas vitórias, pegou a última vaga de seu grupo nos critérios de desempate, por ter saldo de gols melhor que o Matsubara. Os dois rivais chegavam juntos para a reta final, mas em momentos diferentes. Além disso, o elenco do Furacão era muito badalado, com jogadores como Dreyer, Lula, Rotta e Ziquita. Enquanto isso, a equipe coxa-branca estava, para muitos, em pleno declínio – incluindo os dois pilares do título, o goleiro Manga e o craque Pedro Rocha (artilheiro do time no campeonato, com seis gols). Mas foi justamente na reta decisiva do campeonato que os veteranos fizeram a diferença.


Na fase final, novamente em grupos distintos, ambos os times passaram o trator. Invictos, os arquirrivais garantiram vaga na decisão. O Athletico não era campeão estadual desde 1970, enquanto o Coritiba era o papa-títulos da década. No dia da primeira partida, entretanto, o Furacão fazia exatos três meses de invencibilidade. Na memória coxa-branca, o doloroso vice-campeonato de 1977 ainda estava fresquinho. A tensão era palpável. Tanto que a final teve três partidas, todas entre os cinco maiores públicos da história do clássico. Foram mais de 46 mil no dia 10 de dezembro, mais de 47 mil no dia 13 de dezembro e, finalmente, mais de 55 mil há exatos 40 anos, em 17 de dezembro de 1978. Quase 150 mil pessoas testemunharam os três jogos. E se os rubro-negros estavam invictos há um trimestre, o que importava para os coritibanos era a taça. E assim foi.


Três empates por 0 a 0, com direito a prorrogação no último jogo, e veio a vitória por 4 a 1 nos pênaltis. O destaque, claro, foi Manga, o goleiraço do Coritiba. Ele segurou o ataque do Athletico por 300 minutos, além de defender duas penalidades. Coube a Liminha a responsabilidade de bater o último pênalti. Sem problema. Bola de um lado, Tobias do outro. Não caiu a longa invencibilidade athleticana, mas só o Coxa era campeão paranaense, naquela que talvez tenha sido a maior final da história do futebol do estado. O tabu foi ampliado para oito jogos, e ainda aumentaria. Assim como a hegemonia do Coritiba na década de 1970, em que o clube do Alto da Glória foi, incontestavelmente, o dono do Paraná.

 

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