O ano de 2018 para cinco estádios da Copa
Maioria dos palcos menos badalados do Mundial de 2014 têm dias difíceis; e futuro pior.

No último domingo (16), o Clube Náutico Capibaribe voltou para casa. Após quase cinco anos sem realizar um jogo no estádio dos Aflitos, o time alvirrubro recebeu o argentino Newell's Old Boys e venceu por 1 a 0. Foi um dia histórico para a torcida do Timbu, que vibrou e se emocionou no reencontro com aquele amontoado de concreto que significa tanto para os apaixonados pelo Náutico. Afinal, foram anos de relação semi-forçada com um outro gigante concretado, mas que não tinha (e não passou a ter) a alma do clube. Construída para a Copa de 2014 por um custo de 532 milhões de reais, a Arena Pernambuco foi o apartamento alugado por um tempo. Bonito, grande e impactante, porém fora da realidade. E se o estádio já dava prejuízo tendo um mandante regular, a partir de 2019 a perspectiva é de piora. O Náutico não tem nada com isso. E não é o único.
O estádio Machadão, em Natal, foi demolido em 2011 para que fosse construída a Arena das Dunas. Durante a obra, o América/RN mandou boa parte dos seus jogos no Nazarenão, em Goianinha, a 65km da capital potiguar. Quando voltou, desta vez para um estádio de 423 milhões de reais, foi deslumbrante. O clube estava recebendo partidas em um palco de nível mundial. Entretanto, assim como no caso do Náutico, não era a realidade do América/RN e de sua torcida – e obviamente, os custos não estavam mais no mesmo patamar do antigo Machadão. Logo, o clube começou a planejar a Arena América, que mesmo com muitas dificuldades, está saindo do papel. Em sua forma mais básica, mas já podendo receber jogos, a expectativa é que o novo estádio já seja casa do Mecão em algumas partidas de 2019. E a Arena das Dunas começará, também, a perder seu mandante regular.
Os dois estádios são exemplos daqueles que foram construídos para a Copa e eram tidos como elefantes brancos em potencial. E com o tempo, começa a ser cada vez mais possível analisar tais consequências. No Amazonas, um campo construído para treinamento é mais usado para jogos oficiais do que a Arena da Amazônia, que custou 624 milhões. E o Mané Garrincha, suntuoso palco da capital federal e o mais caro da Copa de 2014 (1,7 bilhão), é o que menos recebeu jogos oficiais neste ano, dentro de levantamento feito pelo NesF. O único dos cinco estádios que teve um bom ano em 2018 – e está em ótima posição para seguir se afastando do termo "elefante branco" em 2019 – foi o de Cuiabá. Sim, a Arena Pantanal (646 milhões) é o destaque, sendo bem utilizada no âmbito nacional e muito acionada dentro do estado, se tornando de fato uma referência para o futebol do Mato Grosso, mesmo com tantas dificuldades. O estádio ainda dá prejuízo, como todos, mas cumpre, aos trancos e barrancos, o papel de palco para o futebol. Abaixo, os números:
Arena das Dunas em 2018
29 jogos oficiais
3 da 2ª divisão do Campeonato Potiguar
22 do Campeonato Potiguar
1 da Série C
3 da Série D

Arena Pantanal em 2018
67 jogos oficiais
21 da Copa FMF
3 da 2ª divisão do Campeonato Mato-Grossense
22 do Campeonato Mato-Grossense
1 do Campeonato Carioca
2 da Copa Verde
3 da Copa do Brasil
12 da Série C
3 da Série D
Arena Pernambuco em 2018
32 jogos oficiais
2 da 2ª divisão do Campeonato Pernambucano
13 do Campeonato Pernambucano
4 da Copa do Nordeste
2 da Copa do Brasil
1 da Série A
10 da Série C
Arena da Amazônia em 2018
20 jogos oficiais
7 da 2ª divisão do Campeonato Amazonense
5 do Campeonato Amazonense
3 da Copa Verde
2 da Copa do Brasil
3 da Série D
Estádio Mané Garrincha em 2018
16 jogos oficiais
7 do Campeonato Brasiliense
1 do Campeonato Carioca
1 da Copa Verde
1 da Copa do Brasil
3 da Série A
3 da Série D
Neste ano, a Arena da Amazônia ainda recebeu 8 jogos das duas divisões do Brasileirão Feminino e um amistoso da seleção sub-20 contra o México, além de boa parte da Libertadores Feminina. Entretanto, apenas o Brasileiro pode realmente contribuir de forma regular para o calendário do estádio. Amistosos e uma competição sediada em caráter especial apenas perpetuam o modus operandi da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016; depois que terminam, o cotidiano retorna à ociosidade e, consequentemente, a um pesado prejuízo, pelo custo altíssimo de manutenção. Isso é verdade para toda a lista – em termos financeiros, o estádio de Brasília pelo menos arrecada com shows, muito mais que os outros.
Aliás, a Arena da Amazônia não foi a única deste levantamento a também receber partidas nas Olimpíadas: ocorreu justamente com o Mané Garrincha – outro que, junto com a Arena Pernambuco, também sediou a Copa das Confederações de 2013. Já para a Copa América do ano que vem, nenhum dos cinco palcos está na rota. Talvez seja melhor assim. Mas apenas se algo for feito o quanto antes para remediar o problema. Os números são alarmantes. E olha que nem falamos de médias de público...
#Brasil #Estatísticas #Análise