O baque de uma Série C sem público para dupla Re-Pa
Só a bilheteria rendeu quase 2 milhões ao Papão e 2,5 milhões ao Leão em 2019: os números.

A equipe do Remo não entra em campo desde o dia 14 de março, quando empatou sem gols contra o Independente, em casa, apenas no terceiro jogo sob o comando do técnico Mazola Júnior. Ou seja, são 45 dias sem uma partida dos azulinos. O Paysandu jogou no dia seguinte, 15 de março, batendo o Castanhal por 1 a 0, também pelo estadual. Não há previsão do retorno dos times aos gramados. Apesar de haver movimentação para a volta do futebol em algumas partes do Brasil, a condição em que se encontra o sistema de saúde do Pará, em meio à pandemia do novo coronavírus, indica que o esporte deve ficar paralisado por mais tempo. As prioridades no estado, é claro, são outras. É justo, porém, que haja preocupação com o futuro próximo dos clubes. Os problemas encarados pela dupla Re-Pa já mostram as dificuldades, certamente ainda maiores para times de menor apelo. E isso fica claro nas arrecadações do último Campeonato Brasileiro.
A Terceirona 2020 teria seu início, originalmente, no dia 2 de maio. O Papão pegaria o Santa Cruz, em casa, enquanto o Leão enfrentaria a Jacuipense, fora. A tendência mundial é que o futebol ocorra de portões fechados, quando for possível realizar partidas novamente. O que significa que, além dos patrocínios sob risco e da forte recessão, os times devem perder uma fonte fundamental de receita: a bilheteria. Efetivamente, para os clubes da Série C, isso quase significa pagar para jogar, já que não há cota de transmissão, mas os custos se mantém. Ou seja, Remo e Paysandu planejaram e fecharam contratos para a temporada atual com base em um cenário que mudou radicalmente. E a provável ausência do torcedor, com base nas rendas de 2019, significará grande prejuízo – especialmente no novo formato, com mais jogos em casa para os classificados. Além das rendas líquidas, há detalhes abaixo que chamam atenção, em levantamento do NesF:
Remo na Série C 2019
10 partidas com arrecadação, 9 como mandante
Custo operacional total: R$ 1.274.755,51
– Média por jogo: R$ 127.475,55
Renda líquida total: R$ 2.454.880,49
– Média por jogo: R$ 245.488,05
Total de ingressos vendidos (e disponíveis): 151.004 (198.792)
– Médias por jogo: 15.100 (19.879)
Taxa de ocupação pagante: 76%
Ingresso médio: R$ 16,26
Por estádio
9 partidas no Mangueirão
Custo operacional total: R$ 1.159.201,23
– Média por jogo: R$ 128.800,14
Renda líquida total: R$ 2.244.869,77
– Média por jogo: R$ 249.429,97
Total de ingressos vendidos (e disponíveis): 139.049 (185.000)
– Médias por jogo: 15.450 (20.556)
Taxa de ocupação pagante: 75%
Ingresso médio: R$ 16,14
1 partida no Baenão
Custo operacional: R$ 115.554,28
Renda líquida: R$ 210.010,72
Ingressos vendidos (e disponíveis): 11.955 (13.792)
Taxa de ocupação pagante: 87%
Ingresso médio: R$ 17,57

Paysandu na Série C 2019
11 partidas com arrecadação, 10 como mandante
Custo operacional total: R$ 846.637,81
– Média por jogo: R$ 76.967,07
Renda líquida total: R$ 1.996.527,19
– Média por jogo: R$ 181.502,47
Total de ingressos vendidos (e disponíveis): 109.554 (200.784)
– Médias por jogo: 9.959 (18.253)
Taxa de ocupação pagante: 55%
Ingresso médio: R$ 18,22
Por estádio
7 partidas no Mangueirão
Custo operacional total: R$ 686.446,00
– Média por jogo: R$ 98.063,71
Renda líquida total: R$ 1.739.714,00
– Média por jogo: R$ 248.530,57
Total de ingressos vendidos (e disponíveis): 88.629 (142.584)
- Médias por jogo: 12.661 (20.369)
Taxa de ocupação pagante: 62%
Ingresso médio: R$ 19,63
4 partidas na Curuzu
Custo operacional total: R$ 160.191,81
– Média por jogo: R$ 40.047,95
Renda líquida total: R$ 256.813,19
– Média por jogo: R$ 64.203,30
Total de ingressos vendidos (e disponíveis): 20.925 (58.200)
- Médias por jogo: 5.231 (14.550)
Taxa de ocupação pagante: 36%
Ingresso médio: R$ 12,27
Entre outros destaques dos números, está a diferença nos ingressos disponíveis: mesmo com jogo extra, Paysandu colocou à venda apenas 2 mil ingressos a mais que o Leão – e ainda assim teve ocupação baixa. Alguns calculam a taxa de lotação pelo potencial de público do estádio, o que aproxima os números e causa distorções até no ingresso médio. O NesF, para chegar à ocupação pagante, apurou a emissão de ingressos jogo a jogo. Além disso, ficou claro que os dois clubes acertaram ao jogar a maioria de seus jogos no Olímpico: o custo operacional do Baenão foi similar ao do Mangueirão na Série C 2019; na Curuzu, ocorreu o inverso. Renda bruta bicolor foi substancialmente menor que a azulina, mas o time também gastou muito menos com a operação das partidas, o que aproximou as arrecadações. Ainda assim, a média de renda no estádio do Papão foi baixa, assim como a ocupação. Neste ano, os custos seguem, mas a renda, talvez não.
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