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O fim da curta e sofrida carreira de Andrew Luck

Números individuais absurdos não foram suficientes para compensar falta de proteção.


Acompanhar um esporte de contato como o futebol americano é ver suas maiores estrelas terem carreiras brilhantes durante um curto período de tempo. Não tivemos a oportunidade de ver Joe Montana, mas a sorte de ter visto a carreira de Peyton Manning, Marshawn Lynch e Ray Lewis, entre outros. E, em algum momento dos próximos 30 anos, também podemos ver Tom Brady se aposentar. Mas a roda da NFL precisa continuar girando e todo ano acompanhamos também novos talentos surgirem. Alguns são bem marcantes, outros passam despercebidos e, infelizmente, alguns se tornam mais conhecidos pelo que poderiam ter sido. Na última semana, o quarterback Andrew Luck deu adeus aos gramados e não foi só o time do Indianapolis Colts que perdeu, mas todos os que amam a NFL.


Os sete anos de Luck como profissional vão muito além dos números, porém é necessário lembrar que ele foi a primeira escolha do Draft de 2012 e fez valer a seleção: em cerca de cinco temporadas e meia disputadas na NFL, foram 171 touchdowns, dos quais 14 pelo chão, correndo com a bola. Adicione a isso mais de 23 mil jardas aéreas e mais de 1.500 jardas terrestres... Fica fácil entender o motivo de, nas quatro vezes em que Luck jogou todas as partidas de uma temporada regular, ter sido sempre selecionado ao Pro Bowl.


Mas a grandeza desta curta carreira começa no aspecto subjetivo e emocional, mais do que na estatística. Luck não chegou em Indiana apenas para ser um bom quarterback, como seria esperado de uma primeira escolha geral do Draft. O jovem Andrew, então com 22 anos, tinha como missão substituir ninguém menos que a lenda Peyton Manning. O homem responsável por ter colocado a franquia de volta no cenário competitivo deixava a equipe por decisão da diretoria, que achou que era hora de buscar novos talentos após as lesões que o QB sofreu em idade avançada. A possibilidade de contar com Luck, é claro, precipitou esta decisão.


A pressão para um calouro não poderia ser maior, afinal de contas os Colts só se tornaram a equipe que são hoje graças a Manning. A franquia não competia em alto nível desde quando ainda jogava na cidade de Baltimore. Além disso, há sempre a probabilidade de um time passar um tempo fora do cenário competitivo depois da saída de seu maior astro. Mas, para alegria dos fãs de Indianápolis e tristeza dos demais concorrentes da Divisão Sul da Conferência Americana, Luck respondeu à altura.


Luck é sacado pela defesa de Washington: curta carreira ficou marcada pela incapacidade do time em protegê-lo. (Keith Allison/Creative Commons)

Neste período, entretanto, o time não ajudou seu QB e sua torcida. Com campanhas irregulares e montagens de elenco questionáveis, o sucessor de Manning tomava pancada atrás de pancada e os Colts ainda não tinham o brilho esperado. Em anos muito eficientes, Luck foi o líder que o time precisava, mas a falta de proteção lhe custou caro e as lesões começaram a aparecer. Não é de se surpreender que alguém que tenha apanhado tanto decida descansar.


"Essa não é uma decisão fácil. Honestamente, é a decisão mais difícil da minha vida. Mas é a decisão certa para mim. Pelos últimos quatro anos, mais ou menos, eu estive nesse ciclo de lesão, dor, reabilitação, lesão, dor, reabilitação, tem sido ininterrupto e implacável seja durante ou seja depois das temporadas, me senti preso nisso. O único jeito que eu vejo para sair disso é não jogar mais", disse Luck na abertura da coletiva de imprensa em que anunciou sua aposentadoria.


O quarterback ainda continuou, exemplificando o quão difícil foi o processo para tomar a decisão: "Eu fiquei preso neste processo. Não pude viver a vida que eu queria viver. Isso tirou a graça do jogo e, depois de 2016, quando eu joguei com dores e não tive como treinar regularmente, fiz uma promessa a mim mesmo que eu não iria passar por isso de novo. Eu me encontro numa situação parecida e o único passo adiante que eu posso dar é me afastar do futebol americano e deste ciclo em que eu estive".


Andrew, de fato, lutou o bom combate. Durante anos, os fãs do esporte puderam acompanhar ele manter um nível excepcional para um jovem, ainda mais sucedendo a quem sucedeu. Uma aposentadoria prematura nunca é algo bom, ainda mais quando fica claro nas palavras do agora ex-atleta o quão difícil foi se retirar do meio que amava. Não é de hoje que o tema da segurança aos jogadores de futebol americano profissional é abordado aqui, só fica mais claro o quanto isso deve ser levado a sério. Luck é uma baixa terrível em uma liga repleta de sintomas graves de que histórias como a dele devem continuar acontecendo.


Aos fãs, uma perda. Mas para Andrew Luck, um novo começo em uma vida sem dores e frustrações. Obrigado, camisa 12. Foi uma honra vê-lo jogar.

 

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