O mapa do Campeonato Brasileiro de 2019
Em cada região, questões econômico-demográficas afetam a pirâmide do futebol.

Nesta quinta-feira (13) terminou de ser montada a pirâmide do futebol brasileiro para o próximo ano. Entre acessos e rebaixamentos das três principais divisões, a Série D passou o ano inteiro sendo, aos poucos, definida. Campeonatos e copas estaduais, além do descenso da Série C, foram os principais responsáveis. E ontem, o Maranhão Atlético Clube, ou MAC, teve a honra de ser a última equipe a garantir vaga para o Campeonato Brasileiro de 2019, após vencer o Pinheiro na final da Copa Maranhão. Com isso, o cenário do ano que vem está posto. Ainda há muitas indefinições ao redor de todas as divisões, como as transmissões televisivas: a Série A vive imbróglio e as Séries C e D sofreram um baque com o fim dos canais Esporte Interativo. A reta final da Terceira Divisão chegou a ser transmitida pela própria CBF já neste ano. Porém, 128 clubes brasileiros já estão se preparando, cada um em sua realidade, para a disputa dos diversos níveis do mais importante campeonato nacional.
E ser cada vez mais nacional é uma preocupação para o sistema de ligas do futebol brasileiro. A criação da Série D, em 2009, foi um passo na direção correta, mas também gerou endividamentos em todos os rincões do país, pela falta de planejamento dos clubes e de mais apoio estrutural e financeiro por parte da CBF e das federações estaduais, em especial as de menor poder econômico. As diferenças regionais do Brasil, inevitavelmente, também afetam o futebol. Principalmente no caso das regiões Norte e Centro-Oeste, que terão, em 2019, apenas 14% e 11% dos clubes participantes, respectivamente, somando todas as divisões. Com o acesso do Goiás, o Centro-Oeste conseguiu deixar o grupo de regiões sem clubes na Série A, onde o Norte agora está sozinho. E com a queda do Paysandu para a Terceirona, a região que abriga boa parte da Floresta Amazônica também não possui representante na Série B. Toda a sua participação está concentrada nas últimas duas divisões.
Entretanto, acima de tudo, a realidade do esporte reflete a realidade do país. Por isso, o Não é só Futebol fez um levantamento demográfico e econômico, com base em dados recentes, de 2017 e 2018, do IBGE, para tentar posicionar cada região em seu contexto, o que certamente ajuda a explicar a participação de cada parte do país no mapa do Campeonato Brasileiro de 2019. Veja a seguir o que dizem os números (em destaque, a região líder no quesito):
Sudeste no Brasil atualmente
11% do território
15% das unidades federativas (4/27)
30% dos municípios
41% da população
53% do PIB
Sudeste no futebol brasileiro em 2019
26% de todas as divisões (33/128)
50% da Série A (10/20)
35% da Série B (7/20)
15% da Série C (3/20)
19% da Série D (13/68)
Sul no Brasil atualmente
7% do território
11% das unidades federativas (3/27)
21% dos municípios
14% da população
17% do PIB
Sul no futebol brasileiro em 2019
19% de todas as divisões (25/128)
25% da Série A (5/20)
35% da Série B (7/20)
15% da Série C (3/20)
15% da Série D (10/68)

Nordeste no Brasil atualmente
18% do território
33% das unidades federativas (9/27)
32% dos municípios
28% da população
14% do PIB
Nordeste no futebol brasileiro em 2019
30% de todas as divisões (38/128)
20% da Série A (4/20)
15% da Série B (3/20)
50% da Série C (10/20)
31% da Série D (21/68)
Centro-Oeste no Brasil atualmente
19% do território
15% das unidades federativas (4/27)
9% dos municípios
8% da população
10% do PIB
Centro-Oeste no futebol brasileiro em 2019
11% de todas as divisões (14/128)
5% da Série A (1/20)
15% da Série B (3/20)
5% da Série C (1/20)
13% da Série D (9/68)
Norte no Brasil atualmente
45% do território
26% das unidades federativas (7/27)
8% dos municípios
9% da população
6% do PIB
Norte no futebol brasileiro em 2019
14% de todas as divisões (18/128)
0% da Série A (0/20)
0% da Série B (0/20)
15% da Série C (3/20)
22% da Série D (15/68)
É costume editorial do NesF mostrar para o leitor os dados coletados de forma crua, como acima, para que você possa tirar suas próprias conclusões e levantar seus próprios questionamentos, enriquecendo o debate. Fica claro, entretanto, o destacado anteriormente; o potencial inexplorado do Norte. Com pouco poder econômico e com a menor densidade demográfica do país, a região sofre. No esporte, não poderia ser diferente. E ainda há outro número, tão ou mais importante do que este levantamento, que afeta todas as regiões: a quantidade de clubes fora do mapa do Campeonato Brasileiro. No início de 2018, a CBF tinha 722 agremiações profissionais registradas, uma queda de 8% (61 clubes) em relação a 2009. Ou seja, o Campeonato Brasileiro, com suas quatro divisões, abrange menos de 18% dos times do país. Este mesmo levantamento que você está lendo agora, portanto, deixa 82% das equipes brasileiras de fora. E não é por acaso. Na luta diária para sobreviver e voltar ao mapa do futebol nacional, muitos clubes estão, ano após ano, sumindo do mapa por completo. Simplesmente deixando de existir.
#Brasil #Estatísticas #Análise