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O primeiro tricampeonato estadual do Grêmio

Longo período de seca tricolor foi seguido por sequência incrível de títulos e um timaço.


Quando o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense encerrou, em 2018, o jejum de oito anos sem título estadual, a parte tricolor do Rio Grande do Sul explodiu em alegria. Embora tenha conquistado troféus muito maiores em tempos recentes, o Imortal obviamente ressentia a dominância local do Internacional, que chegou a ser hexacampeão consecutivo no período. Porém, a seca durante os anos 2010 está longe da maior da história do Grêmio. Na década de 1930, em meio à disputa entre amadorismo e profissionalismo, o clube chegou a ficar fora seguidamente do torneio, mesmo vencendo três vezes a preliminar metropolitana realizada pela Especializada, a então nova entidade que aceitava profissionais, enquanto a Federação Rio-Grandense de Desportos (atual Federação Gaúcha de Futebol) só lidava com amadores. O grande rival Inter também chegou a ficar fora no período por este motivo. Mas o formato da competição, na época, muitas vezes tirava mesmo um dos gigantes.


O que era entendido como Campeonato Gaúcho, na verdade, era meramente o encontro dos quatro campeões de cada região do estado. Como Grêmio e Internacional competiam dentro da mesma região (a Metropolitana, por vezes também chamada de Central), era praxe não estarem juntos na reta decisiva. Era assim até 1961. E foi neste cenário que o Grêmio passou 14 anos sem título, entre 1932 e 1946. E de 1940 a 1945, assim como na década atual, os torcedores tricolores também tiveram que testemunhar um hexa seguido dos colorados. Foi só nos anos 1950 que, finalmente, o Rei de Copas voltou com tudo. O clube já tinha sido bi consecutivo em duas oportunidades, mas era a hora de ser tri. Tetra. Penta. Entre 1956 e 1960, só o Grêmio levantou taças no Rio Grande do Sul. Foi há exatos 60 anos que o time de Ênio Rodrigues e Milton Kuelle, guiado pelo técnico Foguinho, venceu o Guarany de Bagé por 3 a 0 para ser tricampeão estadual pela primeira vez na história.


O elenco inteiro tricampeão gaúcho de 1958. (Reprodução/Grêmiopédia)

Foram 16 anos em que o Grêmio participou só duas vezes do Campeonato Gaúcho propriamente dito. O Internacional foi campeão do Torneio Citadino de Porto Alegre 13 vezes entre 1940 e 1955, com o extinto Renner também conquistando o título. O tricolor amargou oito vice-campeonatos. Em 1955, ficou fora por um mísero ponto, após confronto direto fundamental contra o maior rival na penúltima rodada. A vitória fez os colorados ultrapassarem o Grêmio, a caminho do 15º título estadual. O Imortal, àquela altura, tinha apenas 7. Menos da metade do Inter. Um problema que o timaço gremista da segunda metade dos anos 1950 e da própria década de 1960 estava disposto a resolver. Não foi só o primeiro tri, que virou penta, para encerrar a Era Regionalizada do Gaúcho, mas também uma nova dominância nos primeiros anos de Era Unificada. De 1956 a 1968, o Grêmio deixou de vencer apenas um campeonato, com um penta e um hepta no caminho.


Tudo começou, é claro, no Torneio Citadino de 1956, que levou o Grêmio de volta ao Gaúcho. A campanha foi tão boa que a equipe (então invicta) se deu ao luxo de perder dois dos últimos três jogos e ainda assim ser campeã, com show de Juarez e Gessy. Na grande final, contra o Pelotas, duas vitórias em dois jogos. A seca tinha acabado. O sentimento era de alívio. Agora era transformar o triunfo em hegemonia.


Os títulos de 1957 foram ainda mais tranquilos, ou deveriam ter sido. Na seletiva, uma única derrota e cinco pontos de dianteira para o arquirrival Internacional. E na finalíssima, contra o Bagé, goleada de 7 a 0 na partida de ida deveria ter sido decisiva. Porém, na época o saldo de gols não era critério de desempate, e o Grêmio perdeu o segundo jogo por 3 a 1, o que obrigou uma partida extra. Sem problema: 2 a 0. E o roteiro do bi já antecipava o do tri.


A campanha do Grêmio na seletiva e no Gauchão de 1958 teve 27 jogos, 20 vitórias, 4 empates e 3 derrotas, com 82 gols pró e 27 gols contra. O time-base era: Germinaro; Orlando, Airton Pavilhão; Ênio Rodrigues, Ortunho, Elton; Milton Kuelle, Giovani, Gessy, Juarez, Rudimar. Téc.: Oswaldo "Foguinho" Rolla.

O Internacional tinha um hexa e um tetra consecutivos. O Grêmio acabava de ser bi pela terceira vez, e nunca tinha conseguido ir além disso. Entretanto, o peso do obstáculo não foi um fator. O Imortal arregaçou seus adversários na seletiva, mais uma vez sendo campeão com antecedência e cinco pontos de dianteira para o Inter. Milton Kuelle e Gessy seguiam se destacando, tecnicamente, em um time que era feito para levantar taças. Airton Pavilhão e Ênio Rodrigues eram os líderes. Os jogos da grande final, contra o Guarany de Bagé, ocorreram já em 1959, como era comum naquele período. Na ida, 1 a 0 para os alvirrubros. Com dois de Milton Kuelle, o tricolor respondeu na volta, vencendo por um 2 a 0 que hoje em dia lhe daria o título. Entretanto, pela segunda vez seguida, um jogo-desempate pela frente. E na quarta-feira, 11 de março de 1959, há exatos 60 anos, Giovani marcou dois: 3 a 0. O Grêmio era tricampeão gaúcho consecutivo.


Nos dois anos seguintes, o clube ainda repetiu a dose, com direito a títulos espetaculares. O campeonato de 1959 não teve final – foi um quadrangular decisivo, em que o Grêmio ganhou todos os seis jogos, conquistando o tetra com 100% de aproveitamento no Campeonato Gaúcho em si. E no último certame da Era Regionalizada, mais uma grande campanha, com cinco vitórias e apenas um empate no quadrangular, além de absurdos 27 gols em seis jogos. Não é qualquer time que conquista o pentacampeonato estadual, ainda mais com tanta dominância. Aquele Grêmio era gigante, como também foi o time dos anos 1960, com muitos remanescentes, que foi hepta e ultrapassou o rival em títulos, voltando a ser o maior dono do Rio Grande do Sul – não era desde 1942. Foi um período glorioso que, desde então, o Grêmio só conseguiu repetir entre as décadas de 1980 e 1990. E agora tenta de novo. O time de 1958 pode, quem sabe, ser um exemplo para o atual.

 

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