Pelo tri, Palmeiras passeou no Rio-São Paulo em 1965
Primeira Academia goleou São Paulo, Botafogo, Santos, Vasco e Flamengo no mesmo torneio.

A história do Torneio Rio-São Paulo é uma das mais ricas do futebol brasileiro, ainda que também uma das mais contadas e recontadas. A competição é, de certa forma, a precursora do Campeonato Brasileiro, foi uma das primeiras a ser disputadas dentro do profissionalismo, em 1933, além de ter consolidado, no início deste século, um cerne contestador ao posicionamento contemporâneo dos estaduais, que perdura até hoje – a última edição do campeonato, em 2002, teve especificamente o intuito de desafiar as federações, entre outras contribuições ao futebol brasileiro. A maior, porém, foi dentro de campo, é claro. O Palmeiras de 1951, o Fluminense de 1957, o Vasco de 1958, a dura disputa entre o Botafogo e o próprio Flu em 1960, o Santos de Pelé, a emoção do mata-mata nos anos 1990... E talvez ninguém tenha voado tanto quanto o Palmeiras de 1965, na penúltima edição do torneio antes de uma parada de 27 anos.
A Primeira Academia de Futebol, campeã da Taça Brasil em 1960 e do Paulista em 1963, ainda não tinha realmente decolado. O fim da década de 1960 e, depois, a transição para a Segunda Academia, nos anos 1970, foram o auge. Entre 1966 e 1974, foram dois Brasileiros, dois Robertões, uma Taça Brasil e três Paulistas. Mas antes disso estava o Rio-São Paulo de 1965, a faísca antes da explosão. E o Verdão teve de quebrar jejum de 14 anos sem vencer o torneio, além de regulamento confuso. No primeiro turno, todos contra todos, mas separados entre paulistas e cariocas, com o pior de cada sendo eliminado e o maior pontuador geral, campeão. No segundo turno, todos contra todos entre os oito restantes; o melhor era campeão. Depois, a final – se necessário. Há exatos 55 anos, em 24 de março de 1965, Palmeiras e Portuguesa empataram: 1 a 1 em um dos raros jogos que aquele timaço não venceu. Os dois turnos (e a taça) eram verdes.

Em uma campanha basicamente sem percalços, é até difícil elencar momentos marcantes, exceção feita às goleadas acachapantes. Primeiro foi o 4 a 1 sobre o Vasco, no Rio (com gol aos 7 segundos), antes da vitória mais elástica do campeonato, um 7 a 1 ante o Santos, logo após empate com a Lusa. O Flamengo caiu também por 4 a 1 e também no Rio, mas seria o único time a bater o Palmeiras no torneio, em partida do segundo turno. O 5 a 3 sobre o Botafogo, aliado ao 3 a 0 do jogo do título, também ajudou a estabelecer a dominância alviverde. Porém, como a Portuguesa empatou com o Mengão um dia antes e era a única equipe que podia alcançar o Palmeiras no segundo turno, pode-se dizer que a taça foi realmente garantida após um sonoro 5 a 0 em cima do São Paulo. O Verdão teve nada mais, nada menos, que três jogadores com 10 ou mais gols: o artilheiro Ademar Pantera (13) e Tupãzinho e Servílio (10). Rinaldo ainda fez 8.
A campanha do Verdão no Rio-São Paulo 1965 teve 16 jogos. Foram 12 vitórias, 3 empates e 1 derrota, com 49 gols marcados e 20 sofridos. O time-base era: Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias, Geraldo Scotto; Dudu, Valdemar Carabina; Gildo, Ademar Pantera (Servílio), Tupãzinho, Ademir da Guia, Rinaldo. Téc.: Filpo Núñez.
Melhor ataque, melhor defesa, mais de dez pontos de vantagem, na classificação geral, sobre Vasco, Botafogo, Flamengo e Portuguesa. Um primeiro turno invicto, com apenas dois empates, diante do Corinthians e da Lusa, em 9 jogos. Apenas uma derrota e um empate, este último de novo contra a Portuguesa, nas 7 partidas do segundo turno. O time liderado por Ademir da Guia era uma máquina, o que ficaria ainda mais claro nos anos seguintes. No regulamento, a final seria obrigatoriamente no Maracanã, a não ser que disputada entre dois paulistas. Todos esperavam ao menos um carioca. E a Portuguesa, único time que não perdeu para o Verdão naquele Rio-São Paulo, até sonhou em fazer a final, mas nem isso conseguiu. Os cariocas sequer passaram perto. O Palmeiras não deu chance para ninguém e foi tri. O mais perto que chegou de um "percalço" no torneio foi não bater a Lusa, como naquele empate há exatos 55 anos.
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