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Santos campeão de tudo (de novo): 55 anos de glória

Em 1963, esquadrão reprisou triunfo da América e do Mundo, para então repetir no Brasil.


O Santos de 1962 talvez seja o mais conhecido da história: Gilmar; Lima, Mauro, Dalmo; Zito, Calvet; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé, Pepe. Com uma variação tática assustadora para a época – em especial de Dorval, Mengálvio e Pelé –, além de uma overdose de talento, aquele timaço conquistou tudo. O cinquentenário do Santos Futebol Clube foi um dos anos mais felizes da história de um clube no Brasil e no Mundo. Campeão estadual, nacional, continental e mundial, o escrete santista queria mais. Se havia algo de destaque naquele time, fora o futebol, era a mentalidade e a resiliência. Poderia ter vencido também um regional, o Torneio Rio-São Paulo, mas o clube praiano não participou da edição de 1962 – pois apertaria o calendário de disputa da Libertadores e, como base da Seleção que seria bicampeã, o clube decidiu descansar seus jogadores para participação na recém-criada Taça São Paulo, torneio preparativo para a Copa do Mundo.


Não seria problema. No ano seguinte, com poucas mudanças no time-base, as conquistas se inverteram. O Peixe continuou ganhando tudo, mas dessa vez "trocou" o Paulista pelo Rio-São Paulo. Com problemas defensivos e físicos, a equipe foi muito vazada no estadual; que foi disputado no segundo semestre, já em meio à Libertadores e ao Mundial. Mesmo assim, o time teve o melhor ataque, é claro, com Pelé como artilheiro da competição – sendo que o Rei passou boa parte do torneio lesionado. No regional, logo nos primeiros meses de 1963, o Santos passou o trator na concorrência, fazendo incríveis 30 gols em 9 jogos – para referência, o vice-campeão Corinthians marcou 15 tentos. Depois, era a hora de conquistar (de novo) a América e o Mundo. Brincadeira de criança para aquele time. Em 7 jogos, 5 vitórias, 1 empate e 1 derrota. Os rivais foram Botafogo, Boca Juniors e Milan. Nenhum deles foi páreo para o Peixe, bicampeão continental e mundial consecutivo. Faltava só o nacional.


A Taça Brasil de 1963 teve início em agosto, mas, como atual campeão, o Santos entrava direto nas semifinais; assim como na Libertadores. Portanto, o time praiano sequer disputou uma partida da competição nacional durante o ano de 1963, uma vez que a fase decisiva "transbordou" para 1964. Finalmente, em 4 jogos, foram 15 gols. O Grêmio rapidamente ficou para trás e, há exatos 55 anos, um histórico esquadrão santista enfrentava um também inesquecível Bahia, na final. Era o jogo de volta, na Fonte Nova. Na ida, o Pacaembu já tinha visto um 6 a 0. Faltava a confirmação, o último retoque, a cereja do bolo. E com dois gols de Pelé, em 28 de janeiro de 1964, 2 a 0 para o Santos. Quem disse que um ano perfeito não pode ser repetido?


Na final do Mundial, sem Pelé, estavam em pé: Haroldo, Dalmo, Lima, Ismael, Gilmar e Mauro. Agachados: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Almir e Pepe. (Reprodução/Placar)

A história do Santos de 1963, já ficou claro, passa por muito mais do que os títulos. Foi o ano em que, de uma vez por todas, o Brasil ficou pequeno demais para o Peixe. O clube já excursionava pelo Mundo com seu elenco desde 1959, sem muita periodicidade, mas nunca com o status de campeão continental e mundial que havia conquistado em 1962. O respeito que o time impunha a partir dali era diferente, a visibilidade aumentava e, junto com ela, a cobrança. Tirando o Rio-São Paulo, disputado nos primeiros meses de 1963, para repetir a dose da Tríplice Coroa nacional-continental-mundial, o Santos na verdade nem precisaria jogar muitas partidas. Eram onze. Mas todas, sem exceção, extremamente decisivas, desgastantes e com uma pressão gigantesca pela vitória em cima do time de Pelé e cia.


Onze jogos em um espaço de cerca de cinco meses. Em termos de calendário, era até tranquilo. No meio disso tudo, entretanto, ocorria o Campeonato Paulista, e o Alvinegro Praiano sempre entrava para vencer. Não deu, mas não é preciso ir muito longe para entender um dos motivos por que, naquele ano, o time de Pelé não levou o título estadual. Foram 20 jogos do Paulista durante o período, incluindo antes e depois de uma viagem para Milão. E o que credenciou o Santos a ir para a Itália foi, é claro, o bicampeonato consecutivo da Libertadores. Diante de Botafogo e Boca Juniors, o melhor time do mundo decidiu os dois confrontos fora de casa, mas não teve maiores percalços. Empatou apenas o jogo de ida por 1 a 1, no Pacaembu, contra os cariocas. Venceu todo o resto. No Maracanã, 4 a 0. Diante dos argentinos, duas vitórias, incluindo o decisivo 2 a 1, de virada, com a Bombonera lotada. A taça da Libertadores voltava para a Vila Belmiro. E contra o Milan, no Mundial, o Santos finalmente decidiria em casa.


O time-base do Santos em 1963 era: Gilmar; Dalmo, Mauro, Geraldino; Lima, Calvet; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé, Pepe. Téc.: Lula.

E aquele Milan era gigantesco também. Multicampeão italiano nos anos 1950 (após longa seca), o time rubro-negro chegou à conquista da Europa batendo o Benfica de Eusébio, de virada, na finalíssima. Se o Peixe tinha Mauro, Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, o Diavolo tinha Trebbi, Maldini, Trapattoni, Rivera, Mazzola e Amarildo... No primeiro jogo, os italianos venceram em casa por 4 a 2 – e Pelé se machucou, mesmo marcando os dois tentos santistas. No Maracanã, um mês depois, o time precisaria virar a desvantagem sem o Rei. E quando o intervalo chegou, perdia por 2 a 0. Parecia o fim. Porém, na segunda etapa, liderado por Pepe e pelo substituto de Pelé, Almir Pernambuquinho, o time da Vila fez 4 gols em 18 minutos. Histórico. Devolveu os 4 a 2 de Milão, forçou um terceiro jogo e o venceu, dois dias depois, por 1 a 0. Como na Libertadores, bicampeão consecutivo. E na Taça Brasil, a busca era pelo tri.


A tal sequência de 11 decisões só terminou em 1964. No fim das contas, foram 9 vitórias, 1 empate e 1 derrota. Inacreditáveis 32 gols marcados e 14 sofridos. Em apenas 12 dias quentes do primeiro mês do ano, o Santos resolveu o que faltava. Começou em 16 de janeiro de 1964, no Olímpico, em Porto Alegre. Grêmio 1, Santos 3, já com Pelé de volta. No Pacaembu, três dias depois, o Rei precisou jogar de goleiro na segunda etapa, após expulsão de Gilmar; 4 a 3 para o alvinegro. Contra o Bahia, na final, seria um tira-teima.


Foi a terceira final de Taça Brasil entre Santos e Bahia. Até ali, um título para cada lado, com o Tricolor de Aço levando a melhor em 1959 e o time da Vila saindo por cima em 1961. Em jogo, para os alvinegros, mais um título consecutivo – no caso, o tri, que ainda viraria tetra e penta – de um torneio importante. Como em uma partida de exibição, no Pacaembu, quase toda a linha de ataque do Santos marcou: dois de Pelé, dois de Pepé, um de Coutinho e um de Mengálvio; 6 a 0. Quando entraram em campo para o jogo de volta, há exatos 55 anos, na Fonte Nova, os santistas sabiam que precisavam apenas carimbar sua dominância. E em 28 de janeiro de 1964, foi o que fizeram. Dois anos perfeitos, um atrás do outro. Era ao mesmo tempo o auge e apenas o começo para um dos maiores – senão o maior – esquadrão de todos os tempos.

 

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