Uma Europa cada vez mais inglesa
Quatro semifinalistas em duas competições: números recentes mostram resgate da Inglaterra.

Nesta semana, foram definidos os semifinalistas europeus da temporada. Na Liga dos Campeões, passaram Ajax, Barcelona Liverpool e Tottenham, enquanto a Liga Europa terá Arsenal, Chelsea, Eintracht Frankfurt e Valencia. Neste grupo, alguns destaques chamam atenção. A ótima campanha do Frankfurt, por exemplo, retornando à semifinal após 39 anos – em 1979/80, os alemães levaram o título da Copa da UEFA. O Ajax, é claro, rouba a cena no principal torneio de clubes do mundo, com um futebol de muita qualidade e personalidade, também quebrando tabu: é a primeira vez em 14 anos que uma equipe da Holanda (e de fora do top 6 de ligas europeias) chega nas semifinais da Liga dos Campeões – o último foi o rival PSV, em 2004/05. No entanto, no cenário mais amplo, é impossível que o destaque não seja a Inglaterra. São quatro semifinalistas. A façanha não ocorria desde a temporada 1983/84, há 35 anos.
Naquele ano, porém, eram quatro em três competições. Liverpool na Copa Europeia, Tottenham e Nottingham Forest na Copa da UEFA e Manchester United na Copa dos Campeões de Copas – que foi extinta em 1999. Logo, a Europa voltará a ter três torneios continentais, com a Europa League 2 (nome provisório) planejada para 2021, mas no formato atual, só com os dois grandes campeonatos, o que ocorre nesta temporada é inédito para a Inglaterra. Liverpool e Tottenham vivos na Liga dos Campeões e Arsenal e Chelsea, na Liga Europa. Ao contrário da Espanha, acostumada a dominar as semifinais europeias, tal poderio não é comum entre ingleses. De 2010/11 a 2016/17, por exemplo, só uma vez os oito semifinalistas europeus tinham menos de três espanhóis. O pico foi em 2011/12, com cinco. Houve um momento, entretanto, não muito longínquo, em que as equipes da Inglaterra se destacavam ainda mais – seguido imediatamente por uma queda.
Só na Liga dos Campeões, foram três temporadas consecutivas, entre 2006/07 e 2008/09, com três ingleses entre os quatro semifinalistas. Chelsea e Manchester United sempre lá, na companhia do Liverpool duas vezes e do Arsenal uma vez. Em quatro anos, houve três confrontos entre Chelsea e Liverpool na semifinal, contando 2004/05. No período, a Inglaterra esteve em cinco finais seguidas, incluindo uma decisão 100% inglesa entre Chelsea e Manchester United. Foram duas taças e quatro vices, mas o maior domínio esteve nas semifinais (incluindo a Liga Europa): mais de 30% dos times que ficaram entre os quatro primeiros vinham da Inglaterra. Até Middlesbrough e Fulham chegaram ao vice no segundo torneio europeu. Logo depois, a partir de 2010, queda brusca. Coletivamente, os ingleses pararam de chegar. O período pareceu menos fracassado graças ao Chelsea, que conquistou dois títulos, mas os números não mentem. Veja abaixo o levantamento do NesF:
2003/04 – 2009/10
7 temporadas
56 semifinalistas totais
17 ingleses (30,4%)
13 na Liga dos Campeões
6 foram à final (2 títulos)
4 na Copa da UEFA
2 foram à final (nenhum título)

2010/11 – 2014/15
5 temporadas
40 semifinalistas totais
4 ingleses (10%)
3 na Liga dos Campeões
2 foram à final (1 título)
1 na Liga Europa
Foi à final (1 título)
2015/16 – 2018/19
4 temporadas
32 semifinalistas totais
9 ingleses (28,1%)
4 na Liga dos Campeões
1 foi à final (nenhum título)
Liverpool e Tottenham seguem vivos
5 na Liga Europa
2 foram à final (1 título)
Arsenal e Chelsea seguem vivos
Se os títulos seguidos do Chelsea (Liga dos Campeões em 2012 e Liga Europa em 2013) foram um ponto fora da curva no período – assim como o vice do Manchester United em 2011, com o time em declínio e após a saída de jogadores importantes, como Cristiano Ronaldo –, a autoridade atual das equipes inglesas na Europa vive ascensão. A ida do Liverpool à final, na última Liga dos Campeões, encerrou uma seca de seis anos; o último finalista tinha sido justamente o Chelsea. Na Liga Europa, o Liverpool também foi vice em 2015/16 e o Manchester United campeão na época seguinte. Agora, o domínio volta a se estabelecer coletivamente, como era pelos idos de 2007. Nesta temporada, 50% dos semifinalistas europeus são ingleses. Se terá título... É possível que nenhum vá às finais, assim como as duas decisões podem ser 100% inglesas – inédito para qualquer país. Nem Itália e Espanha, nos auges, conseguiram; três finalistas foi o máximo. O recorde está na mesa.
#Mundo #História #Estatísticas
#FutebolEuropeu #LigadosCampeões #LigaEuropa #UEFA #FutebolInglês #CampeonatoInglês